quinta-feira, novembro 23, 2006

O DESBRAVADOR


Aquele menino era mesmo diferente, era uma criança que não cabia dentro de sua casa, os limites do muro do jardim eram baixos, a linha do trem apontava para fora da cidade.
No início ele desbravava ao alcance do olhar materno, não sem sustos, não sem medos, não sem vontade de ir além.
Depois ele ficava longos períodos testando os seus próprios limites humanos, ao frio, a fome e a solidão.
O pai já via nele os sinais de pertencimento ao mundo, não ao bairro ou a comunidade local.
Ele ia e guardava em sua mente as imagens e as experiências, falava pouco e era intenso.
Já não cabia mais dentro de sí, agora ia e registrava em sua lente as pessoas que via, os lugares, os sabores as luzes e a escuridão, a menininha temia, temia porque não conhecia .
Não conhecia os outros lugares, as línguas que falavam lá, ficava maravilhada quando ele voltava e trazia as imagens , aquele menino parecia não ter porto, não ter parada.
Era constante procura, registro, partida e mais procuras.
Um dia ele voltou, trazendo consigo uma certeza, o amor era o porto que procurava.
Mas era um amor como ele, desbravador do mundo, partilhando sua procura, resgatando sua criança, embalando-o alegremente na beira da praia . O menino agora segue feliz.

3 comentários:

Elisângela Ribas disse...

Larisa,

Teu blog é ótimo.
Possui fotos lindas, textos interessantes que nos fazem refletir...

Parabéns, espero que continue o alimentando com toda motivação!!

Abraço,

Elisângela

arteplant disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
arteplant disse...

Muito sensível! Adorei também a imagem. Foi bem escolhida para o assunto: a bússola nos remete ao conceito da atenção especial que todo explorador possui com o seu próprio destino e principalmente, com os demais.