quarta-feira, janeiro 17, 2007
Estrada
Tenho uma facilidade de fugir para lembranças da infância quando estou com problemas, triste, ou sensível.
Lembro de sentir-me segura no banco de trás do carro, vendo por cima do encosto dianteiro o lenço na cabeça da minha mãe ou a careca de meu pai.
Sentia- me segura e amada, como o trajeto que seria percorrido eu já conhecia muito bem, dormia entre os brinquedos e livros, acordando para tomar um café da manhã de posto de gasolina, com bife, ovo e polenta frita.
O caminho, a estrada, os pára-choques de caminhão com frases sábias e curtas, a parada no rio para molhar o rosto e espantar o sono, colher as uvas na parreira, sentir o cheiro do pão feito em casa no interior de uma colônia, os diferentes tons de verde que sucediam na janela.
A segurança não era no lar, era na estrada, no trajeto eu tinha o melhor dos dois.
No banco de trás não tinha medo, era a criança mais feliz, bastava um carro, a estrada, meu pai e minha mãe no banco da frente.
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