quarta-feira, janeiro 03, 2007

Nó Cego


Existe algo em nossas infâncias que nos constitue os adultos que nos tornamos. Não é algo muito visível, claro, fácil. É algo difuso em nossa alma, profundo em nossa mente, rápido, quase imperceptível em nossos pensamentos rotineiros. Aparece no meio da noite como insônia, no meio da tarde como taquicardia. Algumas vezes é a força que nos faz enfrentar dificuldades, outras é a incapacidade de viver.
É uma marca imperceptível, interna, não uma cicatriz causada por uma queda ou uma traquinagem. É um nó cego e mínimo, que resulta de uma desatenção, de uma depressão, de um desamor, de um testar todos os limites sem ter ninguém para dizer não.
Talvez possamos desatar o nó e viver plenamente, ou talvez ao desatar desmorone todo castelo que construímos, talvez o nó desfeito revele a criança asfixiada que precisou crescer rápido para sobreviver.

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