Quando subiu no banquinho para alcançar a pia, achou que não seria uma boa idéia. Aprender a lavar a louça com seis anos e cozinhar para os irmãos mais velhos, antes que chegassem em casa para não apanhar, era só parte do legado de sua mãe.
Olhava o dia lá fora e queria brincar, fazia de conta que estava brincando de escrava dos gigantes. Pensava em planos para fugir, nunca mais voltar, mas pensava na mãe que precisava trabalhar.
A mãe foi trabalhar fora, e ela trabalhava dentro, lavava, passava, cozinhava, queimava o braço no fogão, se salgava a comida era "um Deus nos acuda".
Cresceu sem nunca ter brincado, sem nunca ter sido criança.
Hoje já é mulher, tem um marido do qual não apanha e que ainda acha uma graça danada quando ela prefere ver desenhos aos filmes, a fantasia à vida real.
Ela ainda tem um banquinho na cozinha, só para não subir e ter que ficar muito adulta, muito severa ou muito tentada a ter uma criança para cuidar ou fazer subir no banquinho.
A criança que foi ou não foi, pode decidir o destino de outra criança, prefere então não arriscar. Prefere exercer sua maternidade cuidando dos marmanjões colegas de repartição, levando chás quando estão gripados ou lembrando que já é hora de almoçar, que faz frio lá fora e é preciso colocar um casaco para sair.
Um comentário:
Oi, larisa!!!
Penso muito em ti, quase não tenho tempo de olhar o blog: quanto texto bonito!!!
Tenho só o email do teu anjo rafael. Beijo muito grande pra ti. Sinto saudades de falar contigo...
Paula
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