sábado, setembro 09, 2006

MENININHA


Escrever sobre a infância dos outros pode ser fácil, é um exercício de visão, de alcance, de fantasias e idealizações. Escrever sobre a minha é um voltar-se para dentro, abrir portas que nem imaginei existir, lembrar coisas que não sei exatamente se são reais ou delírios de uma menininha que insiste em ficar criança dentro de mim. Ela assombra-se, encanta-se, apaixona-se. Quer aprender, enquanto já é hora de tudo saber, ela não tem muita segurança, visibilidade, mas não tem medo de errar, tentar de novo, ela segura minha mão quando quero desistir.É ela que insiste, quando a boca fica seca de ansiedade, é ela que pede colo quando penso que posso resolver tudo sozinha. Essa menininha, tão pequenina, num cantinho de minha cabeça, olha tudo de olhos arregalados, tudo existe para que ela descubra, aprenda. As palavras são para falar, escrever, cantar, a rua para ela é para passear, tão descuidada e imprudente esta menininha.Espero que tão cedo, essa menininha não me esqueça ou fique perdida em alguma preocupação da minha cabeça.

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